No país das múmias

Histórias de 3 anos com múmias, faraós e muitas pirâmides!!!

Thursday, April 27, 2006

25 de Abril

Comemoraram-se, esta semana, 32 anos sobre a Revolução dos Cravos levada a cabo pelas forças militares em Portugal. Por coincidência, o 25 de Abril também é comemorado no Egipto e por motivos semelhantes: a libertação do Sinai.

Devo confessar que, desde sempre, senti alguma dificuldade em entender todas as guerras que diariamente ouvimos falar no Médio Oriente. No entanto, o facto de estar aqui a morar acabou por me despertar a curiosidade. Por isso, vou deixar-vos aqui uma pequena descrição do meu entendimento sobre a história do Sinai e isso talvez vos ajude a compreender um pouco melhor o motivo das explosões que todo o mundo conheceu esta semana na cidade egípcia de Dahab (cerca de 200 kms a Nordeste de Sharm el Sheikh).


O Sinai é uma península montanhosa e desértica do Egipto, entre os golfos de Suez e Aqaba. Este nome vai buscar a sua origem no deus Sin, deus da lua. Por isso se diz que Sinai é a "Terra da Lua"; e a terra das águas turquesa da Paz. Ocupa uma posição estratégica que une dois continentes - África e Ásia - separando também dois mares - o Mediterrâneo e o Mar Vermelho. A Península tem uma superfície de 61.000 Km2 em forma triangular dividindo-se em duas partes: Sinai do norte e do sul.

Toda esta região se tornou conhecida devido aos seus muito numerosos poços subterrâneos - é a terra do petróleo, do ouro e de toda a espécie de minerais. Nela convivem pessoas de diferentes credos religiosos. Por esta Península passaram todos os profetas. Segundo a Bíblia, foi no Monte Sinai que Jeová deu o Decálogo a Moisés.

Sinai possui praias maravilhosas nas quais se podem praticar desportos náuticos como o mergulho. A região é mesmo intitulada a Meca dos mergulhadores, dos centros terapêuticos, dos desportos de aventura, dos safaris em 4x4, dos percursos em motos de três rodas pelo deserto, dos passeios de camelo desfrutando de lugares com espécies animais únicas e paisagens insólitas, sendo Sharm el Sheikh a sua estância turística mais conhecida em todo o mundo.

A península foi ocupada pelo exército de Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias.

A Guerra dos Seis Dias foi um conflito armado entre Israel e a frente árabe, formada por Egito, Jordânia e Síria, apoiados pelo Iraque, Kuweit, Arábia Saudita, Argélia e Sudão.

O crescimento das tensões israelo-árabes, em meados de 1967, levou ambos os lados a mobilizarem suas tropas. Sem esperar que a guerra chegasse às suas fronteiras, os israelitas, fortemente armados pelos EUA, tomaram a iniciativa do ataque. O pretexto para tal foi a intensificação do terrorismo palestino no país e o bloqueio do Golfo de Ácaba pelo Egipto – passagem vital para os navios de Israel.

Desta guerra resultou uma grande vitória israelita e a sua ocupação da Península do Sinai até 1982, após a assinatura dos Acordos de Camp David, em 1978.

Os dois Acordo de Paz de Camp David, negociados na casa de campo do presidente dos EUA em Maryland (chamada Camp David) e assinados na Casa Branca pelo Presidente Anwar Sadat do Egito e pelo Primeiro-Ministro Menachem Begin, de Israel, em 17 de Setembro de 1978, formam um pacto pelo qual Egipto e Israel se comprometem a negociar em boa fé e assinar um tratado de paz, conforme os princípios delineados nos Acordo de Paz. O Presidente Jimmy Carter, dos Estados Unidos, foi o patrocinador e anfitrião do encontro, e participou activamente das negociações.

O Tratado de Paz Israelo-Egípcio foi, de facto, posteriormente celebrado, em 26 de março de 1979, em Washington, DC.

Os dois Acordo de Paz, A Framework for Peace in the Middle East ("um quadro para a paz no Oriente Médio") e A Framework for the Conclusion of a Peace Treaty between Egypt and Israel ("um quadro para a conclusão de um tratado de paz entre Egito e Israel"), contém disposições sobre como seria encaminhada a questão palestina (os palestinos reivindicam a formação de um Estado próprio em áreas sobre as quais Israel exerce jurisdição) e sobre como seria negociado o tratado de paz israelo-egípcio (local e data das negociações, reconhecimento mútuo, desocupação da Península do Sinai por Israel, limitações militares na fronteira comum, solução pacífica de controvérsias, extinção de boicotes económicos, direitos de passagem, etc.).

A paz entre os dois países surgiu após trinta anos de hostilidades, contados desde a fundação do Estado de Israel. Para o Egipto, porém, a paz com os israelitas significou o isolamento egípcio da comunidade árabe e muçulmana (inclusive a suspensão do país da Liga Árabe), que perdurou até o fim da década de 1980. Apenas a Jordânia seguiu o exemplo do Egipto, celebrando um tratado de paz com Israel em 1994. Embora a violência política, o ódio étnico e a instabilidade tenham continuado a marcar a Palestina até os dias de hoje, mesmo avanços parciais e incompletos como a paz com a Jordânia e os Acordo de Paz de Oslo não teriam sido possíveis sem o precedente de Camp David, que demonstrou ao mundo que árabes e israelitas eram capazes de dialogar de maneira positiva.

Apesar de tudo, as tensões mantêm-se. Como poderemos imaginar não é fácil para Israel assumir a perda do controlo de tão importante território e, principalmente, para algumas pessoas mais fundamentalistas esta data é a indicada para manifestar o seu descontentamento. Como tal, ano após ano, nas comemorações da Libertação do Sinai assistimos a atentados bombistas em zonas turísticas. É uma forma de mostrar ao Mundo Ocidental que as coisas estão mais calmas…mas não estão esquecidas.

No entanto, a pergunta fica no ar: Até quando?

PS -Grande parte do texto foi escrito com base em transcrições do site http://pt.wikipedia.org.

Saturday, April 22, 2006

111 kms/h

Como acho que já aqui escrevi, não deve haver sítio no mundo onde se conduza pior que no Egipto. É uma verdade indesmentível pois ninguém respeita praticamente nada: não existem faixas para ninguém, a maioria dos carros andam de luzes apagadas à noite, muitas rotundas são feitas em contra-mão, os semáforos que existem não são respeitados e são necessários polícias sinaleiros, etc, etc...

No entanto, hoje descobri que há uma regra em que os egípcios são implacáveis: o respeito da velocidade nas auto-estradas. Aqui a velocidade máxima permitida é 100 kms/h. Como o meu carro começa a apitar aos 120 kms/h eu nunca ultrapasso esta velocidade. Mesmo assim, na minha viagem de hoje para o Cairo, na terceira brigada que encontrei fui mandado parar. Rapidamente me pediram a licença do carro e começaram a passar a multa. Como ia com uma amiga árabe, ela lá faz a tradução do que se estava a passar e descobri que estava a ser multado por ir em excesso de velocidade, já que o meu velocímetro marcava a supersónica marca de...111 kms/h!!!

Podia esperar tudo destas terras árabes, mas ser multado por ir a uma velocidade inferior à permitida em Portugal nunca me tinha passado pela cabeça.

Como diriam os meus amigos brasileiros: "Ninguém merece!"

Wednesday, April 19, 2006

Uma visita às Mesquitas

Esta semana recebi a visita da minha irmã. Além de ser sempre um motivo de felicidade receber os amigos e familiares quando estamos fora do nosso país, também nos “obriga” a fazer coisas diferentes daqueles que fazemos (ou não) quando estamos sozinhos.

Assim aproveitei este fim de semana para uma voltinha de turista pela cidade: Montaza Garden, Mancheia, Biblioteca de Alexandria e…Mesquitas!

Pois é, coisa que não falta nesta terra são mesquitas. Existem muitas e em todo o lado. De Alexandria não sei o número mas no Cairo podemos encontrar mais de 1500, o que dá uma média de cerca de 5 mesquitas por dia, ou seja, o ideal para as rezas diárias dos egípcios.



Até agora, nunca tinha entrado numa mesquita, apesar de, já há algum tempo, passar várias vezes perto delas. Tudo começou em Lisboa onde, por muito tempo, trabalhei lado a lado com a Mesquita em São Sebastião. Quando vim para o Egipto aterrei no Cairo e tive de fazer, de carro, a viagem até Alexandria. Nessa viagem, feita pela Estrada do Deserto, as vistas que temos são, realmente, de deserto excepção feita a diversas mesquitas que se encontram ao longo da estrada para possibilitarem aos condutores as paragens necessárias em horários de reza. Inclusive todos os Centros Comerciais têm mesquitas e, por exemplo, na hora de almoço da minha visita às Pirâmides de Gizé lá ouvi a pergunta do Mohamed se eu me importava que ele fosse rezar durante 5 minutos…

Esta semana, no entanto, tive o privilégio de entrar numa mesquita. Como estava acompanhado de uma egípcia e da minha irmã, o guarda da mesquita acedeu à nossa entrada mas, sem antes, nos obrigar a tirar os sapatos (hábito normal) e pedir à Susana para tapar a cabeça com um véu.

A mesquita em que entrei era bastante grande. No topo está algo parecido com um altar e que representa a direcção de Meca para a qual todos os muçulmanos devem rezar. O chão é de alcatifa com áreas definidas para cada pessoa. O mais estranho, ou não tanto, é existirem áreas diferentes para homens e mulheres. O esquema é o seguinte: o espaço “normal” da mesquita é para os homens e existe uma área mais reservada para as mulheres…algo que me parecia mais uma prisão, pois é feita com o objectivo de impedir os olhares dos homens para as meninas com o rabo virado para o ar…

Cada reza dura entre 5 a 10 minutos. No entanto em alturas de festa como o Ramadão pode estender-se por horas. Semanalmente, a 6ª feira é o dia preferencial para as rezas (nomeadamente uma que se realiza ao meio-dia) e é interessante de se ver que cerca de 15 minutos antes da reza começamos a ouvir alguém a “cantar” (ler o Corão) em todo o lado e as pessoas vão rapidamente desaparecendo…ou seja, hora ideal para ir às compras, não fossem as lojas também estarem fechadas!!!

Para os menos conhecedores as rezas, além de se realizarem viradas para Meca, também se caracterizam por as pessoas se ajoelharem e baterem com a cabeça no chão…por isso não é de espantar ver muitas pessoas com marcas na testa, algumas até com pensos curativos! Manias árabes…

Sunday, April 16, 2006

Uma casa das Arábias - Vistas

Para quem está mais interessado em "Ver as vistas"...



Uma casa das Arábias - Interiores

A pedido de várias familias vou mostrar-vos os meus reais aposentos. Não liguem ao chão verde da cozinha, aos 2 armários no meu quarto e à roupa estendida na sala...e vão ver que a casa até parece porreira!!!

Sala

O meu quarto


Quarto de hóspedes

Cozinha

Monday, April 10, 2006

O problema da língua árabe

Hoje é feriado no Egipto. Ainda não sei bem o motivo mas acho que está relacionado com o Profeta, pois ontem à noite queria ir beber uma cerveja e o bar não vendia alcool porque hoje era um feriado religioso...

Aproveitando o "day off" e sendo que mudei para a minha nova casa apenas há 2 dias, estou a receber a minha nova empregada. É uma rapariga que também faz a limpeza do escritório e, como tal, é de confiança. No entanto, temos um problema dificil de superar: eu não falo árabe e ela não fala inglês (nem português, como é óbvio). então encontro-me aqui numa completa conversa de surdos-mudos, sem lhe conseguir explicar o que quero e sem ela me explicar quais os problemas.

Até agora apenas entendi que alguns lençóis que comprei são "soraya" (pequenos) e mais nada!!!

Bem, se no final das contas a casa ficar limpa e a roupa lavada já não é nada mau.

Thursday, April 06, 2006

Deserto

Para quem tem curiosidade em conhecer o Deserto, o que encontrará será qualquer coisa assim:

Monday, April 03, 2006

Cairo

Depois de uma noite bem passada aqui em Alexandria, num bar sem mulheres com véu e com cerveja com álcool à venda, em que acabei por me deitar tardíssimo (já passavam das 3 da manhã…uma loucura), às 8h30 já estava pronto a arrancar para o Cairo com o meu amigo egípcio Mohamed (um nome muito original por estas bandas).

A primeira risada do dia surgiu logo em Alexandria: ao ir buscar o Mohamed a casa, ele aparece-me com uma camisola oficial do SPORTING!!! Grande egípcio este que apesar de só ter passado 3 meses em Portugal soube escolher bem o que o país tem de melhor.

Começando a nossa viagem de duzentos e poucos kilometros pela Desert Road (a auto-estrada Cairo – Alexandria) tivemos de pagar a portagem logo na entrada. O preço: a módica quantia de 2 egipcian pounds (menos de 30 cêntimos de euro).

A viagem pode ser completamente tranquila, pois numa 6ªf de manha não é suposto encontrar muitos carros pelo caminho, e os 200 kms são literalmente em linha recta pelo meio do deserto. Só duas questões perturbaram o meu sossego: ser mandado parar por 3 vezes pela polícia e o facto de o meu carro ter um apito irritante que dispara sempre que passo dos 120 kms/h (próximo objectivo: desactivar esta me%&$).

Mesmo na entrada do Cairo aparece do lado direito a única das 7 Maravilhas do Mundo ainda existentes: as famosas Pirâmides de Gize!!! São de facto monumentos espectaculares, mais ainda se pensarmos que foram construídas há milhares de anos atrás e sem a ajuda das tecnologias dos dias de hoje.

Como estamos no Egipto, a terra da confusão natural, a entrada nas pirâmides não poderia fugir à regra: fiquei sem perceber se se paga ou não (apesar de eu ter pago 40 libras); fiquei sem entender se o carro pode entrar ou não (mas eu entrei com o meu), e também não compreendi o que alguns 20 ou 30 gaijos vieram falar comigo (mas a todos respondi “la la la”, ou seja “não não não”). O resto da história das pirâmides guardarei para um novo post pois acho que algo tão importante e monumental merece uma reflexão mais profunda.

Depois de cerca de 2 ou 3 horas de visita continuei para dentro do Cairo. É sem dúvida uma cidade gigantesca, cerca de 16 milhões de habitantes, transito caótico, confusão total…fez-me recordar muito São Paulo!!!



Depois de um almoço retemperador na Margem do Nilo (foi MacDonald´s mas isso não interessa nada), seguiu-se um passeio de barco pelo rio. A coisa estava para ser meio abichanada (só eu e o Mohamed num barco que dava ai para 50 pessoas) mas felizmente lá apareceram 7 egípcios bem animados para nos fazerem companhia. A viagem em si não foi nada de especial (dizem que de noite vale bem mais a pena), mas sempre posso dizer que já naveguei pelo Nile River.


Como os tugas andam por todo lado, a meio da tarde fomos ter com uma portuguesa que se encontra a viver no Cairo há 3 anos e meio. É sempre agradável poder falar um pouco em português sem ser questões relacionadas com trabalho e, ainda mais, com alguém que tem uma grande experiência de vida no Egipto. Acabámos por ir os 3 dar uma volta num dos mercados mais conhecidos da cidade, o Khal El Khalili, um espaço gigante, cheio de pessoas a vender e a comprar coisas, um local onde o negociar o preço é realmente obrigatório.


Um pequeno parêntesis para vos dizer que, como é habitual nas minhas viagens, o mau tempo persegue-me, e então começou a chover no Cairo, uma cidade onde chovem uns 5 dias por anos!!! Como já era noite e ainda tinha uma viagem de regresso a fazer, foi a maneira de apressar o meu regresso a Alexandria.

Apesar de curta, esta viagem foi realmente agradável, pois serviu para desanuviar do ambiente de Alexandria (que é bom…mas é sempre o mesmo), esquecer um pouco o trabalho e conhecer um pouco mais do país. Espero repetir estes passeios mais vezes pois Luxor, Hurghada, Sharm el Sheikh merecem uma visita.

Saturday, April 01, 2006

Bonito, bonito...

...são as Pirâmides do Egipto!!!