Sampa - a tragédia vivida à distância

Apesar de já ir um pouco desfazado no tempo, não queria deixar passar toda a violência a que assistimos sem um referência no meu blog.

O Brasil no geral, mas especialmente São Paulo, marcaram-me muito. Tirando toda aquela parte natural por ter sido a minha primeira experiência profissional fora de Portugal, por me encontrar a viver sozinho, por estar a viver num lugar do qual eu não conhecia nada...fiquei marcado pelas diferenças económicas e sociais que diariamente encontrava.

Em Sampa é tão fácil encontrar um Mercedes como um carro com mais de 30 anos a cair de velho. Podemos encontar discotecas em que se pagam mais de 80 euros para entrar e na porta ao lado só se pagar um ou 2 reais. Restaurantes com preços superiores a 150 reais e na rua atrás o boteco onde se jantava por 5.

Toda esta diferença acaba por ter consequências graves e que ainda são maiores se pensarmos que estamos num país em que impera a corrupção, em que o poder político apenas finge querer mudar qualquer coisa e em que o facto de haver cerveja e samba já deixa contentes muitos milhões de pessoas. Não interessa se estão a ser roubadas ou prejudicadas...desde que possam disfrutar um pouco da alegria natural brasileira.

Quando existe algum acontecimento que faz mudar um pouco a ordem normal das coisas, o barril de pólvora em que o Brasil está transformado...explode!!! O que se passou há uma ou duas semanas atrás foi, simplesmente, o mostrar de todo o poder que os criminosos conseguem ter naquela terra. Mataram quem quiseram, destruiram o que lhes apeteceu e acabaram a "guerra" quando foi essa a sua vontade.

Felizmente, dos muitos amigos que por lá tenho, todos ficaram bem. Mas eu fiquei triste por sentir que um país que tem tudo para ser dos melhores do mundo, continua (e continuará) nas mãos de pessoas sem carácter e sem interesse em mudar as coisas.

Penso que o que assistimos foi apenas o primeiro episódio de uma telenovela que ainda vai durar algum tempo...esperemos pelos próximos.

O regresso à Pátria

Após alguns dias de ausência estou de regresso à escrita no País das Múmias.

Como muitos de vocês sabem, estive entre 16 e 23 de Maio em Portugal. Como foi uma viagem de trabalho, acabei por ter pouco tempo disponível para matar saudades de todas as coisas que sinto falta aqui no Egipto. Desse modo, a actualização do blog teve mesmo de ficar para segundo plano. No entanto, apesar de ter sido apenas uma semana em terras lusitanas, serviu para refrescar as ideias e ganhar novo alento para os próximos tempos

Mais do que quando regressei de São Paulo (e passei lá 9 meses sem visitar Portugal), apenas após 2 meses de Egipto senti que encontrei um Portugal completamente diferente. Vou tentar explicar apenas algumas diferenças que me saltaram mais à vista:

- O povo português pareceu-me mais alegre, contente, divertido. Não digo que estejam mais felizes do que estavam há dois meses atrás, mas comparativamente com o povo egípcio fiquei também eu mais animado com o maneira de estar do portugueses. Claro que se fizermos esta comparação com os brasileiros, perdemos 10 a 0, mas eu duvido que exista povo com mais alegria em viver do que os brasucas!

- O trânsito é calmo, organizado...e silencioso! Já tinha muitas saudades de conduzir um carro e não ouvir um buzinade 10 em 10 segundos! No Brasil eu pensava que o trânsito era um caos...chegando ao Egipto verifiquei que estava muito enganado.

- As portuguesas (sim, as mulheres) andam a perder a vergonha. Sim, ver uns braços destapados, umas mini-saias e uns decotes mais acentuados, deixaram-me muito surpreendido. Coincidência ou não, quando voltei do Brasil não tinha ficado nada com esta impressão...mas deveria ser por estarmos no Inverno!!

Agora estou de regresso ao País da Múmias. É agradável regressar e sentir como são diferentes as coisas passado tão pouco tempo neste país. Principalmente a confiança que vamos ganhando das pessoas o que torna a nossa vivência longe de casa muito mais fácil e agradável.

Dia da Mãe

Hoje, dia 7 de Maio, é o Dia da Mãe em Portugal.

Como estou longe e, infelizmente, não posso passar este dia junto da minha mãe, deixo este post como o meu agradecimento especial por tudo o que me foi proporcionado ao longo destes 26 anos (e já agora, por tudo o que ainda virá no futuro).

Para todas as mães, e especialmente para a minha, aqui fica a minha homenagem.

Beijinhos

Alexandria

Nem só de coisas estranhas se vive no Egipto. Este país é repleto de história e tem belezas naturais magnificas como facilmente poderemos verificar se pensarmos, por exemplo, que: é banhado pelos Mares Mediterrâneo e Mar Vermelho, 90% da sua área é Deserto e que a Península do Sinai faz parte do seu território.

Por isso, acho que está mais do que na hora de mostrar o que de bom aqui poderemos encontrar. E vou começar exactamente pela cidade onde vivo: Alexandria.

Alexandria é a segunda maior cidade do Egipto e possui o maior porto do país. Foi construída pelos Gregos cerca de 300 anos A.C. a mando do herói Alexandre, o Grande, a quem a cidade deve o seu nome.

Ficou mundialmente famosa através do seu Farol (uma das Sete Maravilhas do Mundo), da sua Grande Biblioteca e também pelas suas praias serem habitualmente frequentadas por grandes personagens da história como Cleópatra, Júlio Cesar ou Marco António.

A cidade sofreu várias mudanças ao longo da sua história. A mais recente, e ao mesmo tempo a que mais efeitos tem nos dias de hoje, foi provocada por Gamal Nasser em 1952 e afastou a grande maioria dos estrangeiros que tornavam a cidade tão cosmoplita.

Actualmente, pouco resta da magnificiência de Alexandria, mas ainda sobrevivem alguns indícios da sua época áurea cosmopolita. Deixo-vos aqui algumas fotos que considero bem interessantes para poderem apreciar melhor o local onde estou. Como podem verificar o mar é um ponto comum em várias fotos...a cidade estende-se por mais de 20 kms ao longo da costa!!!

Forte de Qaitbey

Biblioteca de Alexandria vista do Forte
A cidade aos pés do Mar Mediterrâneo
Mesquita de Abu El Abas
Biblioteca de Alexandria
Novo Estádio Olímpico de Borg el Arab

O que vemos quando andamos de carro no Egipto

Andar de carro nas arábias é partir à descoberta do desconhecido (em todos os sentidos). Depois de já vos ter tentado explicar (sim, apenas tentei porque para entender só mesmo vendo isto com os próprios olhos) o que é conduzir no Egipto sob o ponto de vista do condutor, hoje vou deixar-vos com algumas imagens que temos o prazer de assistir mas sob o ponto de vista do "pendura".

A primeira retrata o interior de um táxi. Qualquer semelhança com a realidade não é, infelizmente, pura coincidência. O parque automóvel deste país é incrivelmente mau e táxis e mini-bus são algo de aterrador...aqui fica um belo exemplo!!!


No Egipto há muitos carros mas também há muitas pessoas, muitas mesmo!!! Por isso, por vezes (e não são raras) dou por mim a pensar como é interessante de ver que os egipcios para não andarem sozinhos num carro, preferem utilizar o mesmo para a família toda.

É sem dúvida bem pensado: poupam na gasolina, não prejudicam tanto o meio ambiente, evitam mais carros no trânsito e ainda andam de descapotável...

Também temos outro exemplo de poupança finaceira e ambiental que são as pessoas que andam a pé. E são mesmo muitas...e geralmente andam pelo meio das estradas, de preferência se as estradas forem largas e tiverem muitos carros a passar a altas velocidades.

Como gostam de utilizar atalhos em tudo o que fazem, o que interessa é ir sempre a direito, por vezes aparecem uns muros pela frente e há que saltar a correr mesmo que se vá com a camisa de dormir vestida!

Agora uma foto bem à imagem de Portugal: um desgraçado a trabalhar e uns 6 ou 7 a orientar as tarefas! Reparem no ar atarefado dos "orientadores" com as mãos nas ancas, ou seja, decididamente a pensarem de forma árdua na melhor forma de resolver o problema.

Por vezes também poderemos encontrar umas ovelhitas com os seus filhotes...

...ou até uns simpáticos camelos!!!

Por fim, o que me dizem deste belo talho "à beira estrada" plantado. Eu gostaria de saber quem é que de forma consciente ali vai comprar esta carne. Eu nem quero falar da poluição que há nesta rua, mas depois de ver a carne tão apetitosa nesta montra, quem se poderá preocupar com a gripe das aves ou outras coisas do género???